O nascimento de uma lenda

No coração de Belém, em 15 de agosto de 1906, surgia a Sociedade Athlética União Sportiva. Criada na Praça Justo Chermont, onde funcionava a Associação Recreativa “Ernesto Matoso”, a União foi pioneira em um cenário em que o futebol ainda dava seus primeiros passos no Pará.

Com uniforme listrado em preto e branco, calção branco e meias pretas, os “unionistas” entraram para a história como o primeiro clube a conquistar títulos no futebol paraense.

1908: o início das glórias

Apenas dois anos após sua fundação, a União arrebatou a primeira Taça Estado do Pará, toda em prata, disputando contra clubes históricos como Belém Football Club, Sport Club do Pará, Sporting Football Club, Pará Clube e Belém Clube.

O time-base campeão de 1908 tinha nomes que se tornariam referência: Moreira; F. Mota e Cecílio; Franco, Lobato e Alves; Conceição, Everaldo, Rubilar, Henrique e Mota. Foi a consagração de um elenco que abriu as portas do futebol profissional no estado.

1910: o primeiro bicampeão

Dois anos depois, a União repetiu o feito e levantou a taça novamente, tornando-se o primeiro bicampeão paraense de futebol. O time formado por Elpídio, Alves, Corrêa, Zito, Lobato, Conceição, Rubilar, Antonico, Henrique, Nahon e Guimarães imortalizou o nome da agremiação nos livros da bola.

Se o futebol paraense já era uma paixão nascente, foi a União Sportiva que deu a primeira prova de grandeza: dois títulos nos dois primeiros campeonatos da história.

Mais conquistas e tradição

Além dos títulos estaduais, a União brilhou em outras frentes. Conquistou a Taça Província do Pará e o bicampeonato do Torneio Início em 1924 e 1927, mantendo acesa a chama do protagonismo alvinegro.

Com cada taça erguida, consolidava-se uma certeza: o futebol do Pará tinha nascido para ser grandioso, e a União Sportiva era uma de suas colunas fundadoras.

Marituba: o herói eterno

Entre tantos nomes que vestiram a camisa listrada, um se destacou como sinônimo de fidelidade e talento: Euclides Pessoa do Nascimento, o Marituba.

Originário da então vila de Marituba, ele jogou pela União durante incríveis 25 anos (1917 a 1942), sempre defendendo as cores do clube. Foi também técnico, líder e presença marcante na seleção paraense que disputava o antigo Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais.

Em 2013, sua importância foi eternizada na obra Gigantes do Futebol Paraense, sendo escolhido como o rosto da União ao lado de ídolos da Tuna, do Remo e do Paysandu.

O renascimento simbólico

Em 2008, no centenário do Campeonato Paraense, a União Sportiva reviveu simbolicamente sua grandeza. Representada pelo time do Ananindeua, surpreendeu ao vencer o Paysandu por 2 a 1 logo na estreia da Copa do Centenário.

Na decisão simbólica contra a Tuna Luso, empatou em 0 a 0 e ficou com o vice-campeonato, perdendo apenas no saldo de gols. Foi um reencontro emocionante entre o passado glorioso e o presente do futebol paraense.

Em 2012, durante a festa da centésima edição do estadual, a União marcou presença mais uma vez, representada por seu histórico presidente Aurélio do Carmo.

O legado unionista

Mesmo extinta, a União permanece viva. É lembrada como o primeiro campeão e o primeiro bicampeão paraense, um título que nenhuma linha do tempo pode apagar.

A União Sportiva foi mais do que um clube: foi a pedra fundamental do futebol paraense, a faísca que acendeu a paixão nos gramados da Amazônia.

“Quando a União levantou a primeira taça, o futebol paraense nasceu campeão.”